Crítica | All of Us Strangers: não é apenas triste, mas também muito inapetente.


★★★

Quando escrevi sobre Fireworks, disse que a ferida é combustível para a revolta, referindo-me aos finais trágicos dos filmes de temática queer. All of Us Strangers é quase totalmente imerso na ferida — aqui, decorrente da depressão — e não há sentimento de revolta. Seu final, por exemplo, leva a uma conclusão doentia na qual os filmes gays costumam ser enquadrados.

Além disso, um dos momentos principais, que certamente reacende o interesse inato do espectador, a cena de sexo entre os personagens de Andrew Scott e Paul Mescal, é positiva no geral, mas não há clímax, e também não é carnal como deveria; como se seguir a coreografia fosse mais importante do que se render a ela. Algo estava faltando. Na verdade, essa é a impressão que perdura durante todo o filme: faltava alguma coisa.

É claro que as barreiras de linguagem devem ser consideradas numa adaptação, embora nem mesmo o fato de ser adaptado possa tirar de All of Us Strangers o seu significado robusto e inapetente, por vezes demasiado apático.

Mas nem tudo está perdido: All of Us Strangers tem um texto sólido, que chama a atenção pelo choque que causa quando os pilares motivadores são revelados. A própria morte de Harry (Mescal) no final acaba sendo, de certa forma, interessante, se não fosse usada neste contexto.


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